quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Uruguay de Bike - Parte 3

Iniciando o ano com o Pedal direito – Uruguay de Bike – Parte 3 
Dia de pegar a estrada novamente. Acordamos cedo, tomamos nosso tradicional café da manhã e começamos a desmontar o acampamento e carregar as bikes com todo o material. Incrível a quantidade de coisas que tínhamos trazido e tudo isto somente nos alforges das bikes.
Com tudo carregado nas bikes, lentamente fomos nos despedindo do Parque Santa Teresa. Nove horas da manhã já estávamos na estrada, levamos um bom tempo até acomodarmos todas nossas bagagens nas bikes. Nossas bikes agora eram nossa casa, tudo que tínhamos e que precisávamos estava ali. Era só escolher para onde ir e pegar a estrada. Indescritível esta sensação de liberdade. 


Nosso destino hoje era La Paloma, distante aproximadamente 110km ao sul. Seguimos pedalando pela Ruta 9, costeando a Laguna Negra, e em função desta área mais aberta sentíamos mais os efeitos do vento que era contra mas não muito forte.
O céu estava azul e prometia ser um dia muito quente. Após 45km chegamos na localidade de Castillos, fizemos uma ligeira entrada na cidade, onde encontramos um armazém e passamos a procurar qualquer coisa para fazermos um lanche e matar a sede com algo gelado. Não sabíamos quando encontraríamos algum recurso novamente e estávamos apenas no início da viagem deste dia. As estradas uruguaias não contam com tanta oferta de postos de combustível com lojas de conveniência como no Brasil.
Após uma ligeira troca de informações com as pessoas locais seguimos viagem, agora sairíamos da Ruta 9 e seguiríamos pela Ruta 16 até Aguas Dulces onde então pegaríamos a Ruta 10 até  La Paloma. O movimento intenso da Ruta 9 havia ficado para traz, e seguíamos por uma estradinha estreita, sem acostamento e sem movimento. Os próximos quilômetros seriam assim e ainda para ajudar nestas estradas não é permitido o transito de caminhões. Que beleza. Pedalamos pela estrada sem problemas com todos carros respeitando muito os ciclistas, sem buzinada ou xingamentos, incrível mas até os motoristas brasileiros se portavam da mesma forma. O que será que acontece quando eles cruzam a fronteira???
Nestes 10 quilômetros entre Castillos e Aguas Dulces começamos a encontrar outros cicloturistas, deviam estar vindo de Cabo Polonio. O primeiro grupo era de uns 3 ou 4.
Logo chegamos na entrada do balneário de Aguas Dulces e ficamos avaliando se entrávamos ou não, decidimos entrar pois não sabíamos quando seria o próximo apoio. É um balneário pequeno nada turístico, com ruas de terra mas que parece ser bem movimentado, mas não naquele horário, e olha que não era hora da famosa ciesta ainda, não sei. Parecia mais um balneário abandonado onde chamávamos a atenção de todos como se fossemos forasteiros.
Fomos até o acesso a praia e de lá avistamos ao sul grandes dunas, eram as dunas de Cabo Polônio. Rodamos um pouco pelo balneário e encontramos uma pequena Panaderia com uma cortina esquisita na entrada. A tal cortina era de fitas coloridas de modo que não podia se enxergar o interior do tal estabelecimento,  meio sinistro, na real a Maxi achou que nada tinha a ver com Panaderia, mas era o único local aberto. A Maxi ficou esperando do lado de fora e eu fui ver o que achava para comer ou beber. Revirei aquele cubículo abafado, escuro e úmido. A única coisa que achei para comer foram duas milanesas (sanduíche de bife a milanesa com umas folhas verdes queijo e tomate), pareciam ser do dia anterior mas fazer o que, era o que a casa oferecia, para acompanhar lógico, duas Patricias bem geladas, pelo menos isto.
Do outro lado da rua havia um bar ou restaurante que estava fechado assim como todos os outros, e tinham umas mesas com bancos sob um pergolado de taquaras que davam uma sombreada nas mesas. Sentamos ali e nos deliciamos com nosso almoço. Após um breve descanso pegamos as bikes e seguimos em direção a estrada.
Agora iniciava a Ruta 10, que seguia como a anterior sem movimento, sem acostamento e com trânsito proibido para caminhões, que beleza. O dia estava muito quente, rodamos mais 10km e chegamos ao Arroyo Valizas, um vilarejo de pescadores com meia dúzia de casinhas às margens do arroio. Paramos ali para tomar algo apreciar um pouco a paisagem bucólica e nos refugiarmos um pouco do sol. Neste dia tomamos muita água! Enquanto descansávamos ali cruzaram pela ponte no sentido contrário ao nosso mais um grupo de uns 4 cicloturistas. Recuperamos o ânimo e retomamos nossa pedalada, agora estavam faltando apenas 45km para La Paloma. Seguimos pedalando, logo passamos a entrada para Cabo Polônio. Cabo Polônio é um vilarejo localizado entre o mar e uma extensa faixa de dunas de areia. Para chegar até lá somente com os caminhões 4x4 que fazem o transporte das pessoas. Tínhamos cogitado em talvez pernoitar ali em Cabo Polônio, mas como ainda era cedo resolvemos seguir adiante, mais um destino que ficou para próxima viagem.
Seguíamos pedalando pela Ruta 10, nos distraindo com a bela paisagem.

De tempos em tempos uma escola isolada, uma entrada para uma pequena praia. E assim íamos apreciando a paisagem, de um lado campos e coxilhas sem fim, do outro campos com o azul do mar ao fundo. Até dava tempo de pensar ao ver os rebanhos de gado de que não tem como ter carne ruim com os bois pastando num visual destes. A carne já vem até salgada. 
Na estrada o calor era intenso, retas sem fim, de tempos em tempos fazíamos uma parada na sombra de alguma árvore para nos recuperarmos.
Seguimos pedalando e na entrada de uma propriedade um rapaz levantou os braços vibrando e perguntando para onde íamos, quando respondemos que nosso destino do dia era La Paloma ele gritou: “Dá-lhe dá-lhe falta pouco”; foi um ótimo incentivo faltava mesmo pouco, mas o calor e o contra vento estavam fazendo o tempo não passar.
Lentamente as sombras das árvores vão deitando sobre a estrada e com isto já sentimos um refresco. Pouco a pouco a quantidade de praias vão aumentando, e a civilização também.
Um pouco antes de chegarmos na Ruta 15 que La Paloma à Rocha, passamos por um túnel verde muito parecido com aquele da estrada que leva a Cidreira no RS.
Entramos na Ruta 15 em direção a La Paloma, trânsito mais intenso, mas tudo tranqüilo.
La Paloma além de praia é um pequeno porto. Para os velejadores que estão navegando pela costa do Rio Grande de Sul e do Uruguay este é o único abrigo entre Punta del Este e Rio Grande.
Logo na entrada encontramos nosso camping, mas preferimos fazer um reconhecimento da cidade primeiro, passamos em frente e seguimos direto para a praia onde encontramos um quiosque a beira mar onde comemos um delicioso Pancho e para mudar um pouco tomamos uma Pilsen para comemorar a missão cumprida do dia. Foi só aproveitar.
Do quiosque observávamos a praia de águas azuis que estava lotada, um pouco distante a direita estava o Porto de La Paloma.
Ficamos ali relaxando um pouco. Depois seguimos para o camping montar nosso acampamento, tomar um chimarrão e depois descansar porque no dia seguinte teríamos mais estrada.
Com acampamento montado, banho tomado e com um bom chimarrão planejávamos a rota para o próximo dia.

Nosso próximo destino era Punta del Este, o qual tínhamos escolhido fazer via Ruta 10, mas conversando com um campista este nos informou de que neste trecho a estrada é de Rípio e em muitos lugares areia muito fofa, onde teríamos que empurrar as bikes por quilômetros, além da travessia da Laguna de Rocha que teríamos que achar uma canoa com pescadores para fazer a travessia, e depois a Laguna Garçon, esta já tem balsa operando além também da total falta de apoio ao longo da estrada. É campo e campo. Este com certeza seria um dos trechos mais bonitos de toda a viagem, mas que adiamos para uma próxima vez.

A noite aproveitamos para conhecer o centro movimentado de La Paloma que ficava a alguns quilômetros seguindo pela beira mar. No centro de La Paloma uma grande avenida, com um largo canteiro no meio e diversos restaurantes nos dois lados da avenida onde também havia uma variedade sem fim de lojas e restaurantes. Muita gente passeando, a noite estava agitada e um pouco fria devido ao vento que soprava, a sorte que chegamos cedo devoramos nossa pizza em metro. Passeamos um pouco por lá e na volta para o camping pegamos um bom vento que parecia ser favorável para o próximo dia. Dormimos cedo pois o próximo seria um longo dia.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Uruguay de Bike - parte 2

Iniciando o ano com o Pedal direito – Uruguay de Bike – Parte 2



Foram 3 dias explorando, e não foram suficientes para conhecer todo o parque Santa Teresa.
Logo após a primeira noite tomamos um bom café da manhã em nosso acampamento e já saímos com as bikes, mas desta vez sem alforges, capacetes, luvas, sapatilhas, etc, no lugar de todas estes equipamentos que sempre utilizamos na estrada, apenas roupas de banho, chinelo, chapéu e óculos de sol. Pedalávamos passeando pelo parque, sentindo a brisa em todo corpo, a nossa única preocupação era escolher para que praia iríamos.

A praia escolhida inicialmente foi a Las Achiras. Um belo visual, sem construções, com a vegetação chegando até a areia.

Uma praia com águas azuis sem muita aglomeração de pessoas na areia e principalmente sem vendedores ambulantes, sem barzinhos, sem som alto.

Muito bom! Após nossa breve parada na praia seguimos pedalando e conhecendo o parque. Fomos ver como era a badaladíssima La Moza, praia localizada na extremidade norte do parque, mais uma praia muito linda, mas talvez por ter mais gente não nos encantou a ponto de irmos a praia. Ficamos curtindo a bela paisagem.

De lá seguimos para Punta del Barco onde tem um mirante para observação de baleias, esta é a penúltima praia do parque na direção sul, depois dela vem a Playa Grande.
Estas duas são as mais distantes e com isto bem mais vazias. Sendo que a ultima estava praticamente deserta. Deixamos as bikes e seguimos pela areia até este mirante de baleias, o vento sul estava forte, tranquilamente acima dos 30 nós. Ficamos ali por alguns instantes admirando a paisagem, o mar agitado, o vento sul soprando e imaginando como deveria estar bom para quem pudesse estar velejando em direção ao Brasil.

Ficamos o tempo que agüentamos, na volta, caminhando pela areia nossas pernas eram açoitadas pela areia atirada pelo vento.

Depois seguimos para a Fortaleza de Santa Teresa, esta é uma fortificação erguida inicialmente por portugueses em 1762, ainda em construção em 1763 foi tomada pelos espanhóis. Mais adiante chegou a ser tomada inclusive por brasileiros, e desde 1828 quando a fronteira entre Brasil e Uruguay foi fixada ao arroio Chuí, ali ficou definitivamente sendo território Uruguaio.

A imponência da Fortaleza é impressionante, com paredes de mais de 1m de largura, construídas em granito que estão cobertos por liquens amarelados ressaltam ainda mais esta bela construção.

Passando pela Ruta 9, principal ligação entre Chuí e Montevidéu impossível não perceber, a enorme construção com paredes amareladas em contraste com o verde da vegetação.

Depois de um dia cheio voltamos no final da tarde para nosso acampamento, que era tomado pelo cheiro de fumaça de lenha queimando nos outros acampamentos, costume dos uruguaios, que todos dias no final da tarde e noite a dentro eles repetem como se fosse um ritual e fazem suas Parrillas. As estruturas dos campistas uruguaios é impressionante, e não é de hoje. São equipados desde uma simples mesa a armários, suspensos, duchas, e até banheiros, mas não é nada improvisado, tudo feito com equipamentos específicos para camping mesmo. Pessoas assim que dissemos que são verdadeiros campistas, que acampam porque gostam. Estes acampam para estarem em um contato mais próximo com a natureza, para fazerem amigos. Nestes acampamentos são feitas tantas amizades e turmas que muitas famílias  acabam se encontrando anualmente neste tão esperado momento de férias, como se fosse a turma de amigos da praia.


Não tivemos como resistir, e entrando no clima uruguaio também aderimos ao ritual das Parrillas ao fim do dia, regado com algumas Patrícias e fomos noite a dentro conversando e fazendo planos para os próximos dias da viagem à luz da fogueira e de nosso lampião.
Decidimos então no dia seguinte visitar Punta del Diablo, uma pequena vila de pescadores que expandiu muito nos últimos anos devido ao crescente turismo.







Voltamos ao parque Santa Teresa no meio da tarde para conhecermos um pouco mais dele, visitando o invernáculo e a capatazia.

No final da tarde chegamos ao acampamento onde iniciamos a organizar as coisas para no dia seguinte pela manhã pegar a estrada novamente desta vez em direção a La Paloma, distante aproximadamente 110km mais ao sul.



Estávamos ansiosos em seguir nossa viagem, a estadia no Santa Teresa estava ótima, vale a pena uma viagem exclusiva para lá, para apenas aproveitar todo o parque suas praias e matas, fica para próxima.

Desta vez nossa proposta era outra, era pegar estrada e pedalar, já estávamos a muito tempo ali e estávamos angustiados com isto. Mas foi tudo na medida certa, que venham os próximos quilômetros.























sábado, 18 de janeiro de 2014

Uruguay de Bike - Parte 1

Iniciando o ano com o Pedal direito – Uruguay de bike – Parte 1
Passamos os últimos dias do ano, em meio aquele calorão infernal de Porto Alegre, pensando no que fazer nos próximos dias, a idéia era aproveitar a folga e fazer uma pequena cicloviagem, mas para onde poderíamos ir para fugir deste calorão, da multidão, que tenha estradas boas e seguras para pedalarmos nesta época do ano? etc... Foi então que no último dia do ano decidimos fazer o litoral do Uruguay de bike. Compramos nossas passagens para o Chuí para a noite do dia 1º, e do Chuí seguiríamos pedalando até Punta del Este? Montevideo? Colonia? Não sabíamos ao certo, só planejamos que iríamos pedalando, acampando e curtindo, sem compromisso.
O plano era seguir pedalando sempre o mais próximo possível do mar, assim deveríamos pegar estradas mais planas, com menos movimento, com a brisa do mar nos refrescando, além é claro do belo visual e maior quantidade de possíveis pontos de apoio para comer ou beber algo e também com maior oferta de campings.
Visto que estamos em plena alta temporada, optamos em pernoitar sempre em campings, assim teríamos mais liberdade e autonomia, sem ter que ficar dependendo de vagas disponíveis em hotéis, pousadas ou aluguel de casas, nem perdendo tempo procurando. Estávamos preparados para camping selvagem, podendo acampar em qualquer praia, mata, ou até mesmo beira de estrada, no Uruguay isto ainda é uma prática bem comum, pode-se acampar com segurança em qualquer um destes locais.
Então com as passagens compradas, passamos a virada do ano, envolvidos com os preparativos, separando equipamentos, carregando os alforges, preparando as bikes. Coisa muito boa terminar um ano e iniciar o outro preparando uma bela cicloviagem.
Enfim chegou a hora, na primeira noite de 2014 seguimos pedalando com as bikes carregadas até a rodoviária de Porto Alegre onde pegamos o ônibus para o Chuí. Chegamos cedo na rodoviária pois sempre tem toda a função de prepará-las para a viagem. Retiramos as rodas dianteiras e as fixamos junto ao quadro, pegamos um tecido cilíndrico e elástico que compramos especialmente para isto, tipo aqueles que os surfistas utilizam para as pranchas, e enfiamos cada bike dentro de uma destas capas, com alforges e tudo, ficou muito bom nosso mala bike.  

Como sempre as bikes foram muito bem acomodadas no ônibus da empresa Planalto, o motorista abriu os bagageiros do ônibus e deixou todo o espaço a nossa disposição, escolhi o melhor local para as bikes, fixei as duas bikes junto a uma treliça estrutural do ônibus, uma de cada lado desta estrutura, amarradas com extensores. Muito obrigado a empresa Planalto que trata tão bem os ciclistas e suas bikes. As demais empresas deveriam seguir este exemplo.

Às 7h do dia 02 de janeiro chegamos ao Chuí. Neste momento sim o coração começava a bater mais forte, estava começando nossa viagem. Junto com a gente estava chegando uma frente fria. Montamos as bikes e nosso objetivo era achar algum local para nos abrigarmos da chuva que estava para chegar, e esperar o tempo melhorar em algum local seco e tomar um café da manhã. O ideal seria um posto de gasolina com alguma loja de conveniência ou algo parecido. Começou a aventura, seguimos para a avenida de maior movimento, que faz a fronteira entre Chuí e Chuy, tudo fechado, todo comércio só abre depois das 10h. Como faríamos entrada no Uruguay, ainda não tínhamos nada de mantimentos pois é proibida entrada no Uruguay com produtos de origem animal e/ou vegetal brasileiros e vice versa. Ficamos circulando de bike. No Chuy encontramos um posto de combustível, mas sem telhado, e nada para matar a fome da manhã. Retornamos um pouco encontramos uma “panaderia” onde finalmente comemos ótimas “media lunas” e tomamos um “pomelo” já em ritmo de viajem no Uruguay. Para fugir da chuva seguimos novamente para a rua principal, e nos refugiamos em frente a vitrine de uma das lojas que ainda estavam fechadas. Ali ficamos aguardando a chuva passar e a casa de câmbio abrir para trocarmos dinheiro já que passaríamos por regiões pouco turísticas e habitadas onde talvez os Reais não fossem aceitos. Em quanto chovia ficávamos pensando em o que fazer, nosso primeiro destino era o Parque de Santa Teresa distante 40km aproximadamente. Tínhamos a opção de ir para Barra do Chuy, acampar lá e seguir no outro dia, ou ficar numa pousada no Chuy. Nenhuma destas outras opções nos agradava. Queríamos pegar a estrada, iniciar nossa viagem, mas iniciar a viagem já com chuva logo no início? E com previsão de ventos de mais de 100km/h contra? Ainda tínhamos muito tempo, tínhamos todo dia pela frente, nosso primeiro destino era muito perto, então decidimos esperar com aquela fé de que vai melhorar, e foi melhorando, consegui trocar o dinheiro na rua mesmo, antes do comércio abrir e então após a chuva iniciávamos nossa viagem.
Na saída encontramos a rua “Arachanes”, a qual registramos pois estávamos pedalando na região dos índios Arachanes e nada mais especial que ver o nome com o qual batizamos nosso querido barco!
Logo nos primeiros quilômetros já chegamos na aduana, fizemos os procedimentos de entrada no Uruguay, e coletamos informações, pegamos alguns mapas, batemos um papo com o pessoal da Aduana que nos informou que no Uruguay desde o dia 1º de janeiro/2014 é obrigatória a utilização de colete refletivo por ciclistas e motociclistas.
Estamos no Uruguay!!! Tudo certo, pedalar e aproveitar a viagem. Seguimos pedalando pelo acostamento da Ruta 9. O movimento estava intenso, principalmente no sentido contrário. O tempo estava nublado, mas sem chuva e sem vento, a cabeça da frente fria já havia passado, e com ela as condições mais adversas de chuva e vento. Depois dos primeiros 25km já chegamos em Lá Coronilla, onde fizemos uma breve pausa para tomar alguma coisa e comer uns alfajores para começar a entrar no clima. Logo reiniciamos nosso pedal, o nosso destino do dia estava próximo. Seguimos pedalando pelo acostamento pois tinha muita gente voltando para o Brasil depois das festas do final do ano e o movimento ainda era intenso no sentido contrário. Muitos motoristas e motociclistas passavam abanando, buzinando, vibrando com nossa viagem. Parecia que estávamos indo para a Patagônia. Quando faltavam menos de 10 km para o Parque se Santa Tereza, vimos um carro que parou no acostamento em que trafegávamos, logo percebi que deveriam ser ciclistas, pois o carro estava equipado com 2 calhas para transporte de bikes em seu teto. Chegando mais perto percebemos que eram brasileiros, e chegando mais perto vimos o motorista surpreso levantando os braços e dizendo “é o Dieter e a Maxi!!!” e nós também surpresos reconhecemos o Fabiano Gutierres e a Luciane Junqueira. Sabíamos que eles estavam em Punta del Diablo, mas nunca imaginamos que nos encontraríamos, muito menos na estrada. Eles estavam voltando para o Brasil, identificaram os coletes do Pedalegre que estávamos utilizando, fizeram meia volta e vieram conferir de perto quem eram os dois ciclistas. Uma grande surpresa e uma bela recepção. Trocamos algumas informações e após mais um abraço seguimos nossas viagens, eles em direção ao Brasil e nós Uruguay a dentro, eles de carro e nós de bike, Oba! Ficamos tão eufóricos que não lembramos de fotografar, mas tem coisas que ficam marcadas na memória como uma lembrança ótima!
Mais alguns quilômetros a frente chegamos num ponto da estrada em que a Ruta 9 fica bem larga numa reta e passa a ser tanto estrada como pista de pouso de avião com as cabeceiras devidamente sinalizadas inclusive com os rumos de cada aproximação.
 Logo adiante já avistávamos a Fortaleza de Santa Tereza, seguimos pedalando e logo chegamos a entrada do camping onde fizemos nosso registro de ingresso.
A estadia mínima é de três dias, para nós isso foi um prazer, pois estes três dias não são suficientes para se conhecer todo este parque de mais de 3 mil hectares e mais de 2 milhões de árvores, diversas praias e mais de 60km de trilhas, além de toda estrutura necessária como supermercados, restaurantes, lavanderia, sorveteria, etc.
Todo este parque e o camping é mantido e controlado pelo exército uruguaio com regras rígidas o que mantém a ordem nesta verdadeira cidade de lona onde havia mais de 1500 acampamentos. Com o mapa em mãos logo entramos e fomos tentando nos localizar e achar um bom local para acamparmos.
Já havia acampado ali quando criança, e ainda tenho na lembrança daquele acampamento inesquecível, eu e o Tiago Foester fazendo valetas em volta das barracas pois estava prevista uma tormenta muito forte, naquela época as barracas não tinham fundo, ou quando enchi os pés de roseta caminhando descalço numa das trilhas para a praia, isto foi a mais de 30 anos.


Este camping continua muito impressionante, diversos acampamentos com os mais variados tipos de gente, os locais mais concorridos eram próximos a praia La Moça, onde predominavam as gurizadas querendo fazer festa e surfistas, também é o local com a melhor infra estrutura.

Queríamos um local mais tranqüilo, abríamos mão da infra-estrutura. Foi quando no Cerro Chato achamos um local que nos agradou, uma área mais familiar, com as barracas mais afastadas umas das outras, uma campista uruguaia que conhecia o parque muito bem nos ajudou na localização de uma boa área alta, com sombra de algumas árvores para montarmos nosso acampamento.

Logo tratamos de montar nosso acampamento que seria nosso lar pelos próximos três dias, tratamos de comprar alguns mantimentos iniciais. Nos refugiamos em nossa barraca em quanto chovia forte lá fora. Fizemos um lanche dentro da barraca e descansamos ao som da chuva. Oh que coisa bem boa!
Após aproximadamente uma hora a chuva parou e ainda pudemos aproveitar um restinho do dia e continuar explorando o parque, em nossa barraca tudo absolutamente seco, enquanto muitos outros campistas tiveram tudo molhado por montarem suas barracas em locais baixos que alagaram ou por terem sido mal montadas mesmo.
À noite fizemos uma massa quatro queijos e tomamos umas Patrícias ao redor da fogueira. Show de pedal. Nossa cicloviagem estava só começando.