quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Uruguay de Bike – Parte 5

Iniciando o ano com o Pedal direito – Uruguay de Bike – Parte 5

A chuva que começou de mansinho na noite passada, acabou ficando mais forte, e durou toda a noite, manhã e parte da tarde, quando finalmente deu uma trégua e pudemos sair da barraca e dar uma pedalada em Punta del Este.



Pedalamos dois quarteirões e já avistávamos as belas casas de Punta del Leste com seus belos jardins sem cercas ou muros, num visual encantador.

Mais um pouco já estávamos na Praia Brava, seguimos pedalando pela Ruta 10, sendo que é uma grande avenida em direção a Península.

De um lado as dunas e o mar do outro belas casas.
Nesta avenida cruzamos com muitos ciclistas treinando ou simplesmente passeando.
Após alguns quilômetros ao invés de belas casa avistávamos enormes edifícios, estávamos chegando na Península.

Um trânsito de veículos muito intenso, e ouvimos o que já fazia tempo que não ouvíamos, buzinas, em função do trânsito conturbado e com certeza de muitos brasileiros que ali estavam dirigindo, aqui também o respeito pelas bikes no trânsito não era como no resto do Uruguay, era necessário tomarmos mais cuidado.
Seguimos em direção ao porto. Fomos apreciando cada detalhe, a Ilha Goriti em meio a enseada da Praia Mansa, dois navios de cruzeiros fundeados ao largo, o Iate Clube, o porto.

Íamos pedalando parando apreciando e seguindo mais um pouquinho, até que chegamos na extremidade mais ao sul da Península, ali no oceano atlântico começava o Mar del Plata.

Região dos famosos Pampeiros que são as tormentas mais temidas de toda região.

Ficamos ali observando mais um pouco o mar, as ondas, tudo estava maravilhoso, no céu uma enorme nuvem, um "charutão" como dissemos, típico quando da entrada das frentes frias, vinha avançando rápidamente sobre nós.
Quando nos demos conta que seríamos pegos pela nuvem resolvemos voltar para nosso acampamento.


Seguimos pedalando pela Ruta 10 com o vento forte nos empurrando, as bikes deslizavam a 40km/h.


Numa das paradas numa das sinaleiras olhei para cima e percebi como as nuvens avançavam rapidamente sobre nós.


Seguimos pedalando voando baixo, até que não teve jeito, a chuva nos pegou em cheio, uma gostosa chuva de verão, parecia que estava chovendo de balde. Seguimos pedalando sempre com o vento a nosso favor, chegamos no acampamento ensopados até o último fio de cabelo.



Depois da pedalada um bom banho, umas Patricias um delicioso cachorro quente na barraca e uma excelente noite de sono ao som da chuva.



O próximo dia amanheceu meio nublado, frio, e ventoso, resultado da frente fria que havia chegado.


Aos poucos o céu foi ficando azul, mas o frio e o vento continuavam, aproveitamos para dar mais uma pedalada por Punta del Este e Maldonado, mas neste dia com tempo firme.



Aproveitamos também para conhecer as lojas de bike.


Depois de um longo dia passeando ainda fomos a La Barra em busca de umas costelas de tira para assarmos a noite e nos prepararmos para no dia seguinte seguir viagem a Piriápolis, desta vez nosso destino estava somente a aproximadamente 60km.



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Uruguay de Bike - Parte 4

Iniciando o ano com o Pedal direito – Uruguay de Bike – Parte 4
Desculpem pela demora em dar continuidade as publicações.
Bem vamos seguindo viagem então.
Estamos em La Paloma.
Mais um dia para pegar a estrada. Após uma bela noite de sono em nossa barraca maravilhosa, acordamos cedo, tomamos café, desmontamos nosso acampamento, carregamos tudo nas bikes e saímos para pegar a estrada. Isto já estava virando rotina, uma boa rotina. Cada dia que passava as coisas fluíam mais facilmente, inclusive acomodar toda carga nas bikes com todos os equipamentos estava sendo bem mais rápido.
Antes de pegarmos a estrada demos mais uma volta para ver a cidade durante o dia e calibrar os pneus das bikes no posto de gasolina, mas infelizmente um dos pneus da bike da Maxi estava com válvula presta, que é mais fina e mesmo com adaptador não foi possível calibrar no posto e até hoje não encontrei nenhuma bomba manual que consiga realmente colocar pressão nos pneus da bike. Então para cicloturismo recomendamos câmaras de ar com a válvula Schrader, mesmo sistema dos carros, e que pode ser calibrado com facilidade em qualquer posto de gasolina. O máximo de pressão que consigo colocar com estas bombas manuais é algo em torno de 40libras e nós utilizamos 80 libras. Bom seguimos viagem assim mesmo, o pneu estava bem cheio, era só para garantir mesmo.
Hoje seria mais um longo dia, nosso destino Punta Del Este distante 130km mais ao sul. Como já falamos antes nossa idéia inicial era seguir pela Ruta 10 mas devido aos diversos fatores que dificultavam esta travessia, optamos em seguir o caminho tradicional o que deixaria o percurso 50km mais longo. Mas tudo bem, estávamos a fim de pedalar.
Seguimos pedalando pela Ruta 15, foram 30km até Rocha que é a capital do departamento de Rocha. Próximo ponto de apoio disponível somente em Rocha. Nesta estrada cruzamos com diversos ciclistas locais mas nenhum viajando apenas treinando. Nesta estrada o movimento já era mais intenso, em alguns trechos. Pouco a pouco os quilômetros foram passando, o vento que achávamos que seria a favor estava na cara, mas por sorte não era muito forte.
Chegamos a Rocha e com isto na Ruta 9 novamente. Paramos ali num grande posto de serviço, com uma ótima loja de conveniência, café, restaurante etc... Descansamos um pouco fizemos um lanche, nos hidratamos, abastecemos as bikes e seguimos viagem. Antes de sair nos informamos sobre a estrada e pontos de apoio. Próximo ponto de apoio somente no pedágio distante 40km dali. Ok, pegamos as bikes e seguimos.
Novamente estávamos pedalando pela movimentada Ruta 9. Nesta estrada tínhamos que seguir pelo acostamento em função do movimento intenso. A estrada seguia subindo e descendo em meio a coxilhas, ao longo da estrada poucas árvores e quase nenhuma sombra a nossa volta avistávamos somente lindos campos. O calor estava intenso, o termômetro da bike marcava 42ºC. 
De vez em quando achávamos uma sombra onde parávamos para descansar um pouco e em seguida já seguíamos viagem. 
Finalmente do topo de uma coxilha avistamos o pedágio, já imaginávamos um pedágio com toda infra estrutura como temos em alguns pedágios aqui no Rio Grande do Sul, como sala de estar climatizada, loja de conveniência, banheiros, água gelada, etc. Para nossa sorte poucos metros antes do pedágio passando numa ponte, que faz a divisa entre os departamentos de Rocha e Maldonado, eu seguia na frente da Maxi e só ouvi aquele tradicional som de pneu esvaziando. Ao redor nenhuma sombra e o sol rachando devia ser umas 13h. Acelerei a pedalada e consegui chegar ao menos no pedágio para fazer a troca do Pneu. Um pedágio no meio do nada, nenhum árvore para fazer sombra. Comecei a tirar a roda da bike e com a roda em mãos mais a câmara reserva, bomba de ar e espátulas fomos para a frente do prédio onde ficava a “policia caminera” e a concessionária do pedágio, e ali a única sombra disponível. Enquanto eu fazia a troca do pneu. Logo percebemos que o pedágio não era nada daquilo que imaginávamos, nada de sala de estar climatizada, cafezinho, loja de conveniência, etc... Enquanto eu fazia o conserto do pneu a Maxi foi procurar por água, quando para nossa surpresa fomos informados de que não havia água, nem gelada nem quente. Inclusive fomos informados de que a água das torneiras  não era potável. Bateu um certo pavor pois estávamos na metade do caminho e a pouca água que tínhamos dava para fazer chimarrão. Desta maneira seria muito difícil seguirmos viagem nestas condições climatológicas que estávamos enfrentando. Por sorte apareceu um policial que se sensibilizou com nossa situação e prontamente nos forneceu água gelada da cozinha deles. Abastecemos nossas caramanholas, terminamos de montar as bikes e conversamos com o policial sobre nosso trajeto pontos de apoio na estrada etc. Seguindo pela Ruta 9 o próximo ponto de apoio seria distante uns 40km dali, na cidade San Carlos já quase em Punta del Este mas o policial nos sugeriu pegar uma estradinha de rípio até José Ignácio. Esta estradinha nos levaria em direção a Ruta 10, e deveríamos pegar esta estrada 10km após o pedágio e seguir mais uns 10km até José Ignácio.
Tudo certo pneu consertado e abastecidos com água seguimos pedalando e controlando a quilometragem pela Ruta 9. 
Após rodar uns 10km pela Ruta 9 surgiu um estradinha de rípio à nossa esquerda, mas não tínhamos certeza se era esta a estrada que deveríamos pegar.
Não havia placa indicando. Ficamos alguns minutos parados na estrada avaliando que atitude tomar. A tentação era grande, de deixar a movimentada Ruta 9 e seguir por aquela estradinha de rípio que parecia seguir na direção de José Ignácio. 
Para ajudar ainda a estrada era em uma leve descida, não sabíamos por quantos quilômetros mas o início era lomba abaixo, com árvores fazendo sombra e o vento estaria a nosso favor.
E se não fosse por ali? Se esta estrada terminasse em uma fazenda? O GPS também indicava que este rumo seguia reto para a cidade de José Ignácio. Mas não tínhamos a certeza, e então resolvemos arriscar, caso não desse certo depois veríamos o que faríamos, talvez acampar na beira da estrada.
Fomos seguindo a estradinha deixando o embalo e o vento nos levar. O stress da estrada havia ficado para traz, íamos deslizando com as bikes pelo rípio, de vez em quando até tinha uma sombra na estrada. Ao nosso redor somente aqueles lindos campos, com casas de fazenda bem distantes umas das outras.
De repente avistamos uma moto que vinha em sentido contrário, uma destas 125, mas caindo aos pedaços como se vê muito aqui em todo Uruguay, tanto motos e carros muito antigos ainda circulando. Paramos a moto e pedimos informações para a pilota e ela nos informou que nosso caminho estava certo, era só seguir uns 10km e dobrar a primeira a direita e a segunda a esquerda que logo chegaríamos na praia. Ufa! Que alívio, fomos seguindo pela estradinha, no horizonte avistávamos o mar azul, a estrada ia serpenteando em meio a sobes e desces, sob o sol que ainda era forte e como de costume tudo deserto nem um boteco ou armazém.
De repente veio a confirmação de que estávamos no caminho correto, avistamos uma placa indicativa, que maravilha, um pouco mais adiante começaram a surgir algumas casas enormes e bonitas no meio do campo, começaram a ficar mais próximas umas das outras, já não eram mais casa de fazenda.

Primeiros sinais de civilização. Casas no estilo das de Punta del Este, só que deve ser de algumas
pessoas que já estão cheias da badalação de Punta. Mais adiante já surgiu um novo condomínio e em seguida do topo de um morro avistávamos o mar ali bem pertinho e a cidade de José Ignácio e o seu respectivo farol. Chegamos novamente na Ruta 10, andamos mais alguns poucos quilômetros em direção a cidade paramos num posto de gasolina exaustos, para descansar e repor as energias e ainda estávamos 30km distantes do nosso destino Punta del Este.
Chegamos a cogitar de pernoitar ali mesmo, nos informamos sobre camping na cidade mas não existia. Neste posto de combustível encontramos com um casal de cicloturistas uruguaios que estavam fazendo exatamente o caminho inverso ao nosso, naquele dia estavam seguindo a La Paloma, e seguiriam até o Parque Santa Teresa ou até o Chuy. Conversamos um pouco sobre as viagens, trocamos algumas informações sobre a estrada e lugares para visitar, e nos despedimos. Eles seguiram o rumo deles e nós nos refugiamos um pouco na loja de serviço do posto e ali tomamos as mais variadas bebidas geladas a fim de nos refrescarmos e hidratarmos. Refrigerante, suco, água, cerveja, sorvete, etc... foi uma mistura braba. Acho que ficamos parados ali por 1 hora aproximadamente, também esperando que o sol baixasse um pouco.
Depois de bem descansados pegamos a estrada novamente, agora só mais 30km, mas costeando o mar, sentindo a brisa e curtindo o belo visual.
Logo chegamos na Laguna de José Ignácio onde tinha um bom número de velejadores praticando Kite Surf, ficamos ali parados curtindo um pouco aquele visual, de um lado a laguna e do outro o oceano atlântico e separando os dois uma estreita faixa de terra por onde passava a estrada.
O ânimo já havia mudado pois estávamos chegando ao nosso destino, e a bela paisagem fazia os quilômetros passarem mais rápido. Aproveitando a parada na Laguna José Ignácio passei os alforges da bike da Maxi para minha, para que ela não sofresse mais neste trajeto que já havia sido tão desgastante até agora, e que continuava nada fácil com calor, sol e alguns sobe e desce. Assim ela poderia ir se recuperando e curtindo mais a viagem. Segui então com toda bagagem em minha bike e ela com a bike vazia. Incrível como a bike se portava bem, um pouco mais sofrido nas subidas mas nada de demais, inclusive com peso também na frente ficava melhor de pedalar lomba acima, pois podia puxar a frente da bike com mais força que a roda dianteira não saia do chão e em conseqüência conseguia fazer mais força nos pedais quando necessário. No plano nem sentia nada a bike só ia, e lomba a baixo então era uma maravilha.
Fomos seguindo a pedalada, passando por diversas praias, ao longe começou a surgir o Farol da Ilha de Los Lobos, primeiro sinal de que Punta del Este estava perto, em seguida já avistávamos os prédios. Logo chegamos em La Barra, com seus muito sobes e desces, e com muito movimento devido a sua alta badalação. É um balneário muito freqüentado por jovens e as festas ali estão bem agitadas pelo que percebemos.
Mais um pouco e chegamos na tradicional ponte de La Barra de Maldonado, estávamos chegando em Punta del Este. Esta é uma ponte ondulada e é uma das obras de engenharia mais notáveis e divertida do Uruguay. Foi construída neste formato em 1965 e em 2000 devido ao aumento do trânsito foi duplicada seguindo exatamente as mesmas características da primeira. 
Fizemos uma breve parada para registrar e em seguida pegamos estas que seriam nossas últimas lombas do dia, as da ponte ondulada. Mais alguns quilômetros a frente e já chegamos ao Camping San Rafael. Um belo camping em meio a uma mata de Pinus Eliotis, muito bem estruturado e em Punta del Este. Fizemos nosso registro e fomos conduzidos ao local destinado para montarmos nosso acampamento. Em pouco tempo já estávamos bem instalados, com barraca montada, rede estendida e para nosso conforto ainda tínhamos uma mesinha com dois bancos e uma parrillera. Tomamos um bom banho comemos alguma coisa no mercado do Camping e fomos relaxar e curtir nosso acampamento. Eu acabei adormecendo na rede e a maxi na barraca, só acordei altas horas da noite com alguns pingos de chuva e um silencio absoluto no camping, recolhi a rede meio sonolento e continuei meu sono agora na barraca.