domingo, 1 de setembro de 2013

Cicloviagem de Palmares do Sul a Rio Grande no Carnaval 2013

09 fevereiro 2012 - Porto Alegre - Palmares do Sul - Bacupari


O despertar foi às 4h30min, os alforges estavam prontos e dentro do carro desde a noite anterior, foi só colocar as bicicletas no trans bike e sair, só que mesmo cedo aproveitamos uma "tranqueira" carnavalesca na RS 040, sábado de carnaval não poderia ser diferente, todos como nós queriam aproveitar o feriado.






A previsão informou sol, mas choveu, e decidimos pedalar saindo de Palmares do sul, e não mais de Capivari, que era o nosso plano inicial, o trânsito muito intenso, com pista molhada, optamos então em não correr riscos com as bicicletas carregadas, e por prudência iniciar o pedal mais longe do congestionamento. 



Chegamos em Palmares do Sul paramos num posto de combustíveis para perguntar se poderíamos desembarcar as bicicletas e deixar nosso carro ali até quinta-feira após o Carnaval, e logo o frentista voltou com a resposta podem deixar o carro ali mais adiante no posto da Brigada Militar. Que idéia genial, fomos muito bem recebidos, e o melhor, o carro ficou no estacionamento totalmente seguro, os policiais queriam saber o trajeto, ficaram mesmo interessados por nossa aventura, deixamos aqui nossos agradecimentos ao posto da Brigada Militar de Palmares do Sul.



Por volta das 9h iniciamos nosso pedal, saindo de Palmares do Sul, estávamos ansiosos para iniciar logo nosso feriadão pedalando. 



Ao longo do percurso parávamos para descanso, lanche, hidratação e para algum ajuste, é sempre assim até nos acostumarmos a pedalar com as bikes carregadas, sem pressa aproveitando aquela paisagem linda fomos seguindo viagem.





Neste dia foram 43 km até a Lagoa de Bacupari.



Próximo a lagoa de Bacupari saímos para uma estrada lateral, nesse trecho foi um pedal com paralelepípedos irregulares molhados e cobertos de areia e muito escorregadio e a chuva foi nos acompanhando, fomos administrando bem devagar até chegar no vilarejo.

Lá tem muitas casas de famílias que viraram pousadas, e terrenos das casas que viraram camping, fomos andando num areião solto atolando as bicicletas até encontrar um camping que nos pareceu com melhor estrutura, não que fosse sensacionalmente organizado, só queríamos um canto para podermos passar uma noite e seguir viagem no dia seguinte.



Foi engraçado ouvir alguns comentários enquanto circulávamos pedalando até achar um lugar para instalar nossa barraca, as pessoas surpreendidas quando encontravam conosco, tudo soa diferente: um casal, de bicicleta, viajando. Os mais ousados se atreviam a aproximar-se e perguntar de onde estávamos vindo, para onde íamos, se não era perigoso, outro mais afoito chegou a dizer ao filho em voz bem alta "olha só quem quer chegar aqui vem de qualquer jeito". As crianças do camping enquanto montávamos nosso acampamento, e almoçávamos ficavam desfilando na nossa frente com suas bicicletas, enfim por algumas horas fomos a atenção do camping, depois de tudo pronto e com a alimentação em dia fomos caminhar até a lagoa de Bacupari, observar a paisagem que diga-se é muito linda, voltamos entramos na barraca e fomos dormir. Ah antes de dormir nos demos conta de que não tínhamos onde sentar nem descansar as costas, e depois do dia de pedal precisávamos de algo melhor que o chão da barraca, aí passou um vendedor ambulante e na hora compramos uma maravilhosa rede, a ultima que o vendedor tinha, custou bem baratinho e foi útil do início ao fim da viagem.
Com toda a agitação do camping, lotação máxima, música alta de todos os lados, saímos bem cedo, e antes do sol nascer já estávamos naquele paralelepípedo escorregadio que neste dia só estava desconfortável, pois a chuva havia parado, mas com a certeza de que na estrada estaríamos a salvo e bem longe do barulho, e o "tchu tchá" ficaria bem longe de nós.






10 de fevereiro 2012 Lagoa do Bacuparí a Mostardas


Não havíamos dormimos muito bem neste sábado de carnaval agitado apesar de termos nos divertido, mas possivelmente em outra oportunidade voltaremos até a Lagoa de Bacupari para rever aquela paisagem de água transparente, areia branquinha com o parque heólico ao fundo.




Da Lagoa do Bacupari saímos logo após desmontar acampamento e acomodar tudo dentro dos alforges, pedalamos 85km até Mostardas chegamos às 16h. Na entrada de Mostardas sabíamos que tinha um camping, mas avaliamos nosso cansaço e decidimos procurar pousada ou hotel na cidade.




Encontramos uma pousada super acolhedora, bem movimentada, mas tinha restaurante, chuveiro no quarto e ventilador no teto, naquele momento um luxo!



11 fevereiro 2012 Mostardas a Bojuru


Bem descansados, acordamos cedo pedalamos pela cidade, e saímos com direção a Bojuru, pedalando aproximadamente 90km, estava um dia lindo e muito ensolarado e um calor sem nada de vento, estrada completamente deserta.





Vez ou outra encontrávamos algum trabalhador que aplaudia a gente e desejava boa sorte, teve também muitos automóveis, caminhões, ônibus passando para a pista contrária para nos dar espaço isto foi muito legal perceber o respeito de muitos viajantes durante quase todo o percurso.





Em Bojuru chegamos num posto de gasolina daqueles bem antigos, nem telhado tinha, o único daquela cidade totalmente deserta, uma pessoa nesse posto de gasolina nos informou que o hotel da cidade ficava do outro lado da rua, e que tinha também uma pousada ao lado do tal hotel. 



Quando chega-se a Bojuru tem-se a impressão de que viajamos para o passado, pois este vilarejo encontra-se parado no tempo, a luz elétrica faz bem pouco tempo que chegou a esta cidade. No ano de 2002, numa das velejadas para Florianópolis, pegamos um ciclone na Lagoa dos Patos, e nos refugiamos e ancoramos próximos a Bojuru, tanto é que enquanto sopravam ventos de mais de 100km/h nos revezávamos no cockpit do barco observando pontos de referência em terra, para saber se o barco estava derivando ou se estava bem ancorado e assim passamos umas 18h. Uma desta referências era a luminosidade do povoado de Bojuru que numa certa hora da noite escureceu e perdemos este ponto de referência. Naquela época a luz da cidade ainda vinha de um velho gerador que às 22h era desligado e a cidade inteira ficava as escuras sem energia elétrica. Mas isto é história para nosso outro blog.


Atravessamos a rua batemos na porta da pousada, chamamos, e ninguém veio nos receber mesmo com a porta aberta, quando estávamos indo embora alguém falou que não havia lugar.



Fomos para o tal hotel, da mesma forma ninguém atendeu a porta, já estávamos pensando que teríamos que pedalar mais 80km, só que já eram 15h  e o sol de fevereiro muito forte, não tínhamos almoçado ainda, já batendo o cansaço. 


Finalmente alguém apareceu abriu o hotel (que parecia uma pousada) e nos deram uma chave do melhor quarto, já que era um casal viajando de bicicleta, era a suite que ficava no terceiro andar com um imenso terraço onde o piche da impermeabilização era aparente, que com aquele solaço de fevereiro estava quase tão molenga como manteiga, mas tinha uma vista panorâmica para toda aquela cidade de duas ruas, o bom que tinha ar condicionado e as bicicletas podiam ficar conosco.





A noite enquanto jantávamos no restaurante desse hotel, surgiram crianças fantasiadas com uma espécie de macacão que cobria todo o corpo e usando máscaras e falando uma linguagem estranha que só eles entendiam, entraram no restaurante para pedir doações, é típico daquela região já havíamos visto essa manifestação carnavalesca em São José do Norte dois anos antes.


12 fevereiro 2012 Bojuru a Barranco(São José do Norte)

Mesmo com esse luxo todo dessa pousada/hotel em Bojuru, acordamos às 6h da manhã e começamos a pedalar, pois nosso objetivo era pedalar e chegar em Rio Grande!





Optamos por sempre sair cedo enquanto ainda era noite porque depois que o sol aparecia o calor era muito forte, mesmo com vento a favor sofríamos com o peso dos alforjes, sempre sendo autossuficientes levando alimentação e muita hidratação a bordo das bicicletas, na estrada do inferno como é conhecida a estrada por onde estávamos pedalando, não tem lanchonetes. Em toda esta viagem não sabíamos como seria nosso rendimento nem o que encontraríamos pela frente, então estávamos preparados para tudo, inclusive se fosse necessário acampar na beira da estrada estávamos prontos para isto.



A bicicleta do Dieter que estava mais pesada, em torno de 30kg de carga distribuídos nos bagageiros traseiro e dianteiro, teve um raio quebrado e em seguida furou o primeiro pneu. Tudo bem, numa viagem destas com toda esta carga, é só desmontar tudo pegar as ferramentas e solucionar o problema.




Quando chegamos na estradinha que levava até o camping Barranco na Lagoa dos Patos, e começamos a pedalar naquela areia fofa mais um raio quebrou e em seguida mais um pneu furado. Então aproveitamos que paramos para consertar o pneu e remanejamos a carga pois a minha bicicleta, que até então estava carregando 10kg nos alforges traseiros e dianteiro, passou a carregar mais umas coisas aliviando assim o peso da bike do Dieter.





Esse camping Barranco era bom, estão começando a implantar a área para acampar, ainda não tem uma estrutura excelente de banheiros, e de restaurante, tudo muito simples, mas é silencioso, o problema foi o evento de uma Igreja em um terreno próximo, ou seja, silêncio no carnaval nem nos arredores da estrada do inferno.




Quando passamos a porteira do camping e chegamos ao lado do restaurante empurrando as bicicletas, uma mulher saiu desesperada gritando sem nem perguntar se precisávamos algo, foi logo falando que as bicicletas tinham que ficar lá fora, lá na área do estacionamento. Bem ela era a dona, gerente do camping e ficou assustada porque nunca imaginava que campistas pudessem chegar ali pedalando em vez de chegar de carro. A noite na barraca rimos muito disso, as vezes as bicicletas assustam!



Foram 63km, chegamos próximo ao meio dia.

  

14 fevereiro 2012 Camping Barranco a Rio Grande



Do camping Barranco saímos lá pelas 6h, também como nos outros pernoites, sempre na noite de chegada já deixamos a diária paga para sair enquanto todos dormiam.



Aproveitamos para fotografar a vista da Lagoa dos Patos com uma infinidade de barcos de pesca atracados.







Neste dia pedalamos os últimos 34km até São José do Norte.




A alegria de chegar em São José do Norte foi algo muito legal, já havíamos chegado nesta cidade de carro quando a BR101 ainda era a famosa "estrada do inferno" por este apelido super difícil de fazer essa travessia de Jeep, e fizemos de carro, por pura aventura e diversão.






Outras várias vezes chegamos ali através da barca ou também da balsa, para jantar no restaurante Brisa do Mar, por estarmos no Rio Grande Yach Clube, ou no nosso barco ou no barco de algum amigo, é um lugar pitoresco.







Dessa vez foi diferente chegar pedalando após quatro dias, aproveitando a paisagem do caminho foi gratificante, um prêmio e tanto.







Até chegarmos na barca fomos passando por diversos carros ali parados na fila e podíamos rir dos motoristas que desesperados minutos antes buzinaram, nos fecharam na estrada e agora nós dois com as bicicletas passamos todos e quando chegamos na barca que estava saindo, um operador da barca mandou a gente subir porque para as duas bicicletas ainda havia espaço. A barca que faz a travessia São José do Norte a Rio Grande estava lotada. As duas bikes couberam num espacinho minusculo, nós não tínhamos nem como nos mexer e dar uma caminhada pela barca.







Pedalamos até o Rio Grande Yatch Club, almoçamos descansamos um pouco na sombra esperando o horário do ônibus, admirando aquele adorável clube.




Chegamos na rodoviária improvisamos um mala bike, com a rede que compramos no primeiro dia de um ambulante na Lagoa de Bacupari, e foi chegar o ônibus gentilmente o motorista abriu um compartimento do ônibus e nos falou: podem colocar toda a bagagem e as bicicletas aqui que este bagageiro fica só para vocês, foi um alívio as bicicletas estavam voltando conosco sem problemas, essa empresa de ônibus Planalto Transportes foi muito atenciosa, mesmo ao telefone dias antes quando informamos nossa intenção.






Chegamos em Porto Alegre montamos as bicicletas, ainda mais um pneu furado consertado na rodoviária, e seguimos 6km até em casa, no caminho minha amiga Tati, que estava passando o feriado de carnaval no Uruguai com o marido, e que nos acompanhando pelo rastreador spot através das postagens no facebook, passaram de carro bem felizes de nos encontrar chegando em Porto Alegre, e nós mais ainda de sermos recepcionados!







Esta viagem foi um treino para as próximas, pois sempre estamos nos preparando para alcançarmos capacidade física, mental, e financeira para viagens com autonomia o maior tempo possível.











Um comentário:

  1. Legal Dieter, também gosto muito do pedal, não sou tão equipado mas saio seguido de bike por Porto Alegre.

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